O interior de Santiago é considerado o berço da cultura cabo-verdiana, no que se refere ao batuku, funaná, finason, tabanka e teatro. Santa Catarina é o centro destas manifestações culturais. Mas nos últimos tempos tem estado um pouco adormecido por vários factores. João Pereira, conhecido como “Tikai”, actor e Vereador da Cultura, numa entrevista a Voz da US, aponta os desafios e projectos que passam pelo oferecimento de oportunidades e acompanhamento aos grupos, para elevar a cultura em Santa Catarina.
Vos da US (VUS): Enquanto actor e Vereador da Cultura, que análise faz da cultura Cabo-verdiana Cabo Verde e da Santa Catarina, em partícula.
João Pereira (JP): Em relação a cultura em geral, eu penso que desde a década de noventa até agora a cultura tem desenvolvido. Muitas coisas forma feitas e outras estão sendo feitas e por fazer, mesmo a nível de batuku, funaná, artesanato. Portanto, hoje temos muitos grupos culturais que têm-se desenvolvido e apresentando os seus trabalhos. Em relação o teatro, eu penso que ainda há muita estrada a percorrer, principalmente em Santa Catarina. Ainda com muita vontade de trabalhar os grupos têm muitas dificuldades na realização de suas actividades e precisam de apoios. Depois de assumir a pasta de vereador, consegui descobrir onze grupos de teatro em Santa Catarina que não eram conhecidos. Como forma de apresenta-los ao público, realizamos o festival de teatro no concelho.
VUS: Enquanto vereador da cultura, além de dar oportunidade aos jovens de subir ao palco e apresentarem os seus trabalhos há outros incentivos uma vez que muitos os grupos queixam-se outros problemas?
JP: Sim. Temos estado a fazer muito para os mesmos. Eles necessitam não só de apoio financeiro, mas também de acompanhamento e espaços para trabalharem. Por isso, disponibilizamos gratuitamente os espaços de Polivalente, Cineclub e Polidesportivo de Nhagar para eles. Tudo isso para incentivá-los a continuarem a trabalhar.
VUS: “Tikai” é um actor que já conquistou o mercado de teatro. Foi fácil chegar onde chegou?
JP: Não. Não foi e continua não sendo. Para assegurar o meu trabalho, tenho enfrentando várias dificuldades, uma vez que ele exige muito esforço. A pirataria é um dos factores que fragiliza-nos. Infelizmente, gastamos muito para gravar um trabalho e a pirataria impossibilita-te de beneficiar dos nossos trabalhos. Os apoios que recebo são da minha família, amigos e algumas individualidades, mas isso as vezes não chega. Por exemplo, se fomos fazer uma actuação, sendo mais ou menos vinte elementos, o dinheiro arrecadados com os bilhetes não chega. Pagas as despesas e ficas sem um cêntimo. Mas a minha alegria e ver crianças e adultos a dirigirem-se às salas para assistirem o meu trabalho.
VUS: Qual a relação entre o teatro de Santiago e o de São Vicente, particularmente o praticado na escola de João Branco? Para si, destes dois qual possui em si mais espírito de cabo-verdianidade?
JP: Se falarmos do festival Mindelarte, no início estava melhor, porque tinha mais grupos nacional do que estrangeiros, mas agora verifica-se o contrário. Isso dificulta analisar a cabo-verdianidade deste festival. Posso estar errado, mas o teatro que eu, o grupo “Juventude em Marcha” e Gil Moreira faz, é esse o teatro típico cabo-verdiano. Agora, quando se pega numa peça cabo-verdiana e introduz-se muitas técnicas do teatro da Grécia Antiga e outras, foge-se um pouco da realidade nacional.
VUS: Até que ponto o Banco da Cultura pode beneficiar os artistas?
JP: Essa iniciativa é boa, porque em Cabo Verde precisamos de tudo e esse baco pode ajudar alguns artistas com um certo financiamento, mas aqueles de audiovisual têm receio de recorrer a esse banco. Isso porque, como pode alguém recorrer a um empréstimo para produzir um trabalho em que não conseguirá ter lucro para saldar a dívida. A pirataria não deixa. Ninguém compra o original do seu trabalho, porque tem como comprar uma cópia falsa a um preço bastante baixo. Portanto, como disse, isso fragiliza e desincentiva principalmente os que se encontrar no início da carreira.
VUS: Sendo a pirataria o maior inimigo dos artistas, o que acha, enquanto actor e Vereado, que se tem feito ou deveria ser feito no combate a esse mal?
JP: Sei que muito tem sido feito pelas entidades competentes, mas dado a modernização dos aparelhos tecnológicos isso torna-se mais difícil. A população também pode colaborar nessa luta. A população poderá decidir não comprar os trabalhos piratas, para que comprando o original estará a ajudar o artista a continuar a produzir e oferecer mais trabalhos ao povo. Eu digo que daqui há pouco tempo, os chineses e emigrantes da costa africana é que passarão a gravar as peças, porque eu por exemplo já não gravarei mais. Por outro lado, as autoridades deveriam controlar mais as essas vendas ilegais que são feitas publicamente.
VUS: Disse que em Santa Catarina há por volta de uma dezena de grupos teatrais. Defende a profissionalização desses grupos?
JP: A profissionalização é melhor, porque dificilmente consegue-se estar em dois lugares o mesmo tempo. O facto de um actor não conseguir viver só de arte, ele tem a necessidade de fazer outro trabalho. Isso traz-lhe vários constrangimentos. Muitas vezes o actor não consegui divulgar devidamente o seu tralho, porque não pode deslocar-se para muito longe do local onde trabalha como profissional. Por isso defendo a profissionalização dos grupos, caso não é difícil sobreviver. Não conseguis ter um trabalho de alta qualidade, ficas sem tempo para se descocar e divulgar os trabalho.
VUS: Falemos um pouco sobre o seu último trabalho, “Piquinina”
JP: Essas peças que já gravei foram feitas e apresentadas no palco na década de noventa. Na s nossas peças procuramos trazer para debate assuntos que inquietam a nossa sociedade, como alcoolismo, droga, gravidez na adolescência e outras. A “Piquinina”, na primeira parte, traz a violência doméstica, alertando e demostrando as pessoas, as causas e consequência desse problema., mostrando-as os meios e serviços estão disponíveis no combate. Na segunda parte, debate a desobediência aos pais. Procurei demostrar como os pais devem cuidar dos filhos, não só meninas. Concretamente nesta peça, fala-se uma menina que faz de tudo para ir a uma discoteca.
VUS: O que a Câmara tem como proposta para transformar Santa Catarina como uma cidade de cultura, já sob a opinião de muito, essa cidade está um pouco estática nesta área?
JP: Desde que assumi o pelouro da cultura temos estado a realizar várias actividades de incentivo aos jovens locais, dentre elas o “Feste Sexta, em que todas as sextas-feiras tínhamos actividades no Cineclub”. Neste ano estamos a apostar na formação e organização dos grupos culturais. Criamos uma base de dados que nos possibilita conhecer quantos grupos culturais e desportivos temos no Concelho. Como resultado desse levantamento é o festival de teatro que decorre de 15 a 27 deste mês. Vamos ter o dia da cultura Santa Catarina que será em 6 de Junho coincidindo com a data de nascimento de Norberto Tavares. Ali será organizada uma gala onde homenagearemos os artistas e desportistas locais por tudo que já fizeram para este Concelho. Portanto, teremos actividades durante todo o ano, tanto é que neste momento lançamos o concurso “Talento Santa Catarina 2013” e posteriormente, teremos “todo mundo canta e dança”, para que cada um possa mostrar o que sabe fazer na cultura.
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